GRUPOS DE TRABALHO X GRUPOS COM PROPÓSITO: 3 PASSOS PARA INCENTIVAR RELAÇÕES MAIS SEGURAS NO AMBIENTE DE TRABALHO

SÃO 5 ANOS…

“Ao criar um círculo de segurança em torno dos membros da organização, a liderança reduz as ameaças que as pessoas sentem dentro do grupo, deixando-as à vontade para concentrar tempo e energia na proteção da organização diante dos constantes perigos externos e para aproveitar as grandes oportunidades.”

– Simon Sinek

Nosso instinto de sobrevivência está presente também em nosso ambiente de trabalho. E quando não me sinto parte de um grupo em que posso confiar, passo a direcionar meu instinto para me proteger e garantir minha própria ‘sobrevivência’ neste ambiente. Diferentemente, quando sinto que estou em um círculo de confiança com meu grupo, passo a lutar pela sobrevivência do mesmo.

Por isso que dentro de qualquer equipe, confiança e segurança vem antes de engajamento e resultado. Se forçarmos o caminho oposto o máximo que alcançaremos será um grupo de pessoas com a saúde comprometida, amedrontadas e em constante estado de alerta para se proteger.

Hoje quero te mostrar as diferenças entre Grupos de Trabalho e Grupos com Propósito. E a grande importância de estimular relacionamentos mais profundos dentro das empresas.

GRUPOS DE TRABALHO

Pessoas trabalhando em suas tarefas separadamente e trocando informações para entregar um resultado específico em conjunto.

Este é o tipo de dinâmica mais comum dentro das instituições e da qual estamos mais acostumados a participar. E é uma das principais formas de consolidar processos e garantir o mesmo resultado de qualidade, independente de quantas vezes ou por quem o processo será realizado.

Ou seja, é uma forma muito eficaz de PROFISSIONALIZAR uma instituição.

Ferramentas como o POP (procedimento operacional padrão), manuais de instruções e fluxogramas servem para auxiliar a profissionalização também das relações de trabalho.

Enquanto eu executo minhas tarefas de acordo com o planejado, espero que meu colega execute a sua parte (também planejada) para entregarmos um serviço/produto final em comum. Do qual um cliente interno ou externo usufruirá.

E não há nada de errado nisto, muito pelo contrário, é saudável que a empresa funcione de maneira consolidada e organizada. No entanto, os resultados possíveis com esta proposta única possuem um limite. Principalmente quando a instituição precisa se adaptar a novas realidades, será mais difícil inovar, modificar processos ou até mesmo decidir por qual caminho seguir.

Afinal, POPs não indicam como proceder diante de crises financeiras, novos concorrentes ou uma nova tecnologia que tornou o serviço da instituição obsoleta. Grupos de trabalho altamente profissionalizados são experientes em ENTREGAR RESULTADOS. Desde que as condições externas se mantenham estáveis. O que não acontece no mundo real.

GRUPOS COM PROPÓSITO

Pessoas interagindo e trocando experiências para concretizar um propósito compartilhado.

Este é um tipo de comportamento de grupo mais comum em equipes de voluntariado, associações e inclusive em famílias. As pessoas estão unidas muito mais em função da consideração mútua e compromisso que mantém entre si do que somente para atender uma necessidade básica como o sustento financeiro.

Nestes grupos as pessoas sentem que podem confiar umas nas outras, o que constrói e fortalece o sentido de pertença e estimula os integrantes a ‘lutar’ pelo grupo e pela missão do grupo.

Ou seja, dentro de uma instituição é o que chamo de movimento de HUMANIZAÇÃO.

Em um grupo confiável nos sentimos mais dispostos a investir em relações mais profundas e vulneráveis e acabamos por permitir sermos transformados pelas experiências destas interações. É através desta flexibilidade mental e comportamental que conseguimos criar coisas novas em conjunto, superar conflitos de maneira mais madura e enfrentar em conjunto e com mais determinação os obstáculos externos.

Infelizmente, ainda vemos poucos movimentos como este dentro de nossas instituições. Estamos mais acostumados a competir no ambiente de trabalho, o que nos coloca em constante estado de alerta e autoproteção (instinto de sobrevivência).

E apesar de reconhecermos a importância e benefícios da colaboração (genuína), ainda temos muita dificuldade de inserir esta característica em nossa identidade de grupo.

03 PASSOS PARA INCENTIVAR GRUPOS COM PROPÓSITO

Já deves ter presenciado ou participado destes dois tipos de ambiente.

O primeiro onde há muita competição e tu te sentes coagido a ‘garantir o teu’ com o líder ou com o cliente.

E o segundo onde cultivas amizade e confiança mútua com teus colegas (ou por vezes 01 colega) e passa a buscar a proteção de vocês como grupo.

O que acontece é que estes dois tipos de relações se misturam (e muito) dentro da instituição. E passamos a presenciar as famosas ‘panelinhas’ que podem ser formadas por 2, 3, 15 (…) componentes. Que passam a maior parte do tempo protegendo sua ‘panela’ por amizade, interesse ou ‘política’.

Quero deixar explícito aqui que todo tipo de relação ou dinâmica grupal que não fortaleça a sobrevivência do grupo como um TODO (da instituição) não se trata de um Grupo com Propósito.

Ou seja, se as relações ainda se baseiam em garantir a sobrevivência (individual ou de um grupo específico) no ambiente interno, então não alcançaremos os benefícios de um grupo que compartilha além da confiança e colaboração, o dito cujo ‘sentido de existir’.

E aqui vão 03 dicas para iniciar hoje (ou ontem) a estimular relações mais profundas na tua instituição e passar a desenvolver a cultura dos Grupos com Propósito:

1. LÍDERES – chave mestra

Esses caras são a chave mestra para desbloquear qualquer resistência à mudança dentro das instituições. Simples e puramente pois são eles os influenciadores dos grupos. E aqui tu vais querer incluir os líderes formais (com cargo efetivo de liderança) e os líderes informais (aquele funcionário que todo mundo escuta e segue).

Por isso, comece por eles. Os líderes precisam sentir e experimentar este círculo de confiança com seus pares e com o diretor da empresa para posteriormente construir o mesmo em suas equipes.

E tu podes começar com treinamentos de simples conscientização sobre ‘as maravilhas da colaboração e propósito compartilhado’, até o desenvolvimento individual, gestão de conflitos e, principalmente, a socialização destes componentes.

A idéia é construir relações entre estes líderes que possuam as características do Grupo com Propósito. Para que posteriormente eles construam o mesmo em suas equipes.

2. PROPÓSITO – sentido de existir

Clarificar o sentido de existir dos grupos e da instituição ajuda a desenvolver o sentimento de compartilhamento.

Ações simples como solicitar aos líderes e às equipes que explorem o propósito da empresa e definam uma missão específica de seu grupo para contribuir neste propósito (indo além da parte técnica), podem ser transformadoras.

Bem como, embasar projetos internos a partir das premissas deste propósito também fortalece o senso de compartilhamento.

Aqui a idéia é desenvolver a identidade do grupo a partir do propósito da instituição. Os grupos devem passar a pensar e agir a partir principalmente do seu papel dentro da construção deste propósito.

Trata-se de um processo de transformação cultural longo e por vezes, bastante resistente. No entanto, pequenas ações que tirem da zona de conforto e ‘mexam’ na dinâmica dos grupos já é um grande primeiro passo.

3. INTERAÇÃO – resgate da humanização

As pessoas não vão confiar umas nas outras porque alguém solicitou que elas façam. As pessoas vão confiar umas nas outras se tiverem oportunidade de se relacionar de maneira mais profunda do que profissionalmente.

Toda e qualquer interação social é bem-vinda como ação. Os famosos happy hours (não os subestime), os passeios, festas, amigo-secreto e as confraternizações de aniversário podem ser grandes aliados para estimular as pessoas a se conhecerem melhor.

Reuniões gerais são ótimos momentos para ‘quebrar’ a dualidade do profissional-social. Após a pauta ‘formal’, desenvolva uma simples atividade para o pessoal poder se expressar e se conhecer.

A idéia aqui é permitir e estimular a humanização do ambiente. Ou seja, enxugar o dia a dia de informações, comunicação e interações sociais.

E é claro que em uma cultura que pouco experimenta desta dinâmica, vai ser preciso mais tempo para conseguir se adaptar. No entanto, lembre que é da natureza do ser humano interagir e apreciar falar sobre si mesmo. Por isso, não se surpreenda se perceber que as pessoas aderem às interações com tanta veemência e entusiasmo.

RECAPITULANDO

Lembre sempre: confiança e segurança vem antes de engajamento e resultado.

O contrário só nos leva a insalubridade, frustação e desgaste.

GRUPOS DE TRABALHO são pessoas trabalhando em suas tarefas separadamente e trocando informações para entregar um resultado específico em conjunto.

É uma forma muito eficaz de PROFISSIONALIZAR a instituição.

Mas te lembra que estes grupos são altamente experientes em ENTREGAR RESULTADOS desde que as condições externas se mantenham estáveis. E isso não é o que acontece no mundo real. Ou seja, a vantagem desta dinâmica possui limites.

GRUPOS COM PROPÓSITO são pessoas interagindo e trocando experiências para concretizar um propósito compartilhado. As pessoas se sentem em um círculo confiável, fortalecem o sentido de pertença e ‘lutam’ pelo grupo e pela missão do grupo.

É um movimento de HUMANIZAÇÃO dentro da instituição.

Apesar de reconhecermos os benefícios da colaboração (genuína), infelizmente estamos mais acostumados a competir no ambiente de trabalho e permanecer em constante estado de alerta e autoproteção (instinto de sobrevivência).

Esta é uma mudança de cultura que precisa ser promovida urgentemente em nossas instituições. É desta forma que teremos não só mais saúde e equilíbrio interno, mas também mentes e grupos mais preparados para construir a sustentabilidade do negócio.

03 PASSOS PARA INCENTIVAR GRUPOS COM PROPÓSITO

1. LÍDERES – chave mestra

Construir relações entre os líderes que possuam as características do Grupo com Propósito. Somente desta forma eles poderão posteriormente construir o mesmo em suas equipes.

2. PROPÓSITO – sentido de existir

Desenvolver a identidade do grupo a partir do propósito da instituição. Os grupos devem passar a pensar e agir a partir, principalmente, do seu papel dentro do propósito institucional.

3. INTERAÇÃO – resgate da humanização

Permitir e estimular a humanização do ambiente. Ou seja, enxugar o dia a dia de informações, comunicação e interações sociais.

CONCLUSÃO

É nossa natureza: só vamos lutar pela sobrevivência de nosso grupo se antes nos sentirmos seguros dentro dele.

Grupos com propósito fortalecem esta natureza, bem como o engajamento, a saúde, a inovação e o legado/propósito especifico do grupo. Mas acima de tudo, Grupos de trabalho e Grupos com Propósito se COMPLEMENTAM.

E se o ‘capital’ mais valioso de nossas instituições são as pessoas, estamos demorando demais para humanizar nossas relações de trabalho e usufruir destes benefícios como instituição e como gente. Por isso, desejo que a nossa missão em Gestão de Pessoas se conecte cada vez mais com esta humanização.