SUA CULTURA É COMPETITIVA?

“Mesmo hoje, nossa crença é que nossa marca, nossa cultura é nossa fonte de informação (que internamente chamamos de BCP – Brand, Culture and Pipeline) são as únicas vantagens competitivas que teremos em longo prazo. Todo o restante será eventualmente copiado.”

– Tony Hsieh


Já deves ter escutado por aí que ‘sua cultura é sua marca’, e acredite, esta é a mais pura verdade. No entanto, existe um abismo enorme entre o que as pessoas entendem e percebem por cultura e aquilo que efetivamente é. Simplesmente porque há uma falta de auto conexão muito grande nas pessoas e consequentemente nos grupos de pessoas que formam, modelam e estimulam a cultura de uma organização.

É principalmente esta falta de auto conexão que prejudica o desenvolvimento de culturas efetivamente competitivas e sustentáveis à longo prazo.

Este é um resumo sobre o que é cultura e os ensinamentos de Tony Hsieh sobre a construção de culturas competitivas. E eu finalizo com algumas sugestões de perguntas para avaliar e se auto conectar com a cultura da tua empresa.

CULTURA NÃO SÃO AS REGRAS E PROCEDIMENTOS

A cultura institucional é um fenômeno social.

Os processos, as regras, o espaço físico, o tipo de negócio, a estrutura hierárquica, a missão, os valores e os números da empresa são influenciadores deste fenômeno.

Os determinantes efetivos são:

  • Os indivíduos – com suas personalidades, valores e crenças;
  • Os relacionamentos – com suas formas de interação, comunicação e troca;
  • A liderança institucional – com seus estilos de liderar, gerir e se comportar.

Para aprofundamento destes determinantes, acesse: “Cultura equilibrada, por onde começo?”

Ou seja, quem determina a cultura da empresa são as pessoas que efetivamente vivenciam, interagem e praticam um fenômeno social.

E não há como ‘fugir’ desta construção, todas as empresas possuem uma cultura peculiar e única, formada pela identidade dos grupos que mantém e pela história pela qual esta identidade foi construída. A questão é se esta cultura ajuda ou atrapalha o propósito da empresa.

Por isso é tão difícil modificar ou aperfeiçoar uma cultura. Ela carrega uma ‘herança social’ constituída desde sua fundação.

É como um ser humano, que forma sua personalidade, crenças e comportamentos a partir das influências de sua genética, circunstâncias e experiências. E quanto mais este indivíduo for capaz de se conhecer e entender seus ‘fenômenos internos’, mais será capaz de dominar suas emoções, comportamentos e atitudes. Ou seja, mais bem preparado estará para lidar com obstáculos externos e focar esforços no que realmente importa (seu propósito).

E apesar da complexidade maior, esta mesma situação se aplica dentro de uma instituição. Quanto mais as pessoas conhecerem e entenderem o fenômeno social (cultura) que vivenciam, mais serão capazes de dominar sua cultura e mais bem preparadas estarão para construir objetivos compartilhados. Agora que já entendesse ‘a parte da cultura’, deixe-me explicar melhor ‘a parte do competitiva’.

MINHA CULTURA É COMPETITIVA?

“Na Zappos, a nossa crença é que se você começa com a cultura correta, a maioria das outras coisas, como o bom serviço ao cliente, ou a construção de uma grande marca em longo prazo, ou funcionários e clientes apaixonados, acontecerão naturalmente.” Toni Hsieh

Na verdade, a pergunta anterior que tu deves fazer é: que tipo de fenômeno social estamos estimulando em nossa empresa? Ou: que tipo de fenômeno social queremos estimular em nossa empresa?

Estas respostas estão conectadas com o propósito de existir da empresa e qual a entrega que ela busca para seus clientes e funcionários.

No caso da Zappos, eles buscavam a experiência do melhor atendimento ao cliente, o que gerava a necessidade de flexibilidade, inovação e agilidade por parte dos seus funcionários. Desta maneira, eles investem (até hoje) em uma experiência vivencial (cultura interna) de liberdade, autonomia e aceitação:

​“Funcionamos melhor quando podemos ser nós mesmos. Queremos que a esquisitice em cada um de nós seja expressa em nossas interações uns com os outros e em nosso trabalho.” Toni Hsieh

Ou seja, internamente eles estimulam interações sociais das quais querem construir com seus clientes e a comunidade que estão inseridos. E este é o grande segredo de uma cultura competitiva: o tipo de fenômeno social que estimulo internamente na minha empresa é o que quero criar externamente com meu cliente. E isto não pode ser copiado, pois carrega uma identidade única e singular, conectada com o propósito de existir da instituição.

Mesmo se tentarmos, não vamos conseguir copiar ou recriar a ‘estrutura social’ que a Zappos criou internamente. Podemos utilizar o mesmo modelo, mas os determinantes desta cultura (indivíduos – relacionamentos – liderança) jamais serão recriados da mesma forma.

Por isto, auto conectar-se e estimular a cultura competitiva inicia por 02 esclarecimentos primordiais:

  1. Sabemos qual o nosso propósito como instituição?
  2. Nossa cultura (fenômeno social) estimula a construção deste propósito?

Independente dos números da tua empresa:

Se respondeste ‘não’ para alguma destas perguntas então a tua instituição desperdiça um dos mais poderosos fatores para se tornar competitiva à longo prazo. Além de muito provavelmente, possuir uma auto conexão baixa.

Se respondeste ‘sim’ para as duas perguntas quer dizer que como instituição vocês se conhecem suficientemente e já trabalham para construir um diferencial estratégico e competitivo de mercado.

Possuir uma cultura competitiva está ligado a ter clareza do objetivo compartilhado e consciência dos estímulos internos (estrutura, hierarquia, projetos, comunicação, etc) que promoves entre as equipes.

“Para os indivíduos, caráter é destino. Para as organizações, cultura é destino.” Toni Hsieh

A tua cultura é competitiva? Está no caminho para isto? Qual o destino de vocês?

RECAPITULANDO

​‘Sua cultura é sua marca’.

No entanto, a falta de auto conexão dentro das instituições prejudica esta sentença, uma vez que o desenvolvimento da marca geralmente segue um foco incongruente com a cultura que se pratica.

A cultura institucional na verdade é um fenômeno social, praticado pelas regras explícitas e implícitas no que tange:

  • Os indivíduos;
  • Os relacionamentos;
  • A liderança Institucional.

E quanto mais as pessoas conhecerem e entenderem este fenômeno social que vivenciam, mais serão capazes de dominar sua cultura e mais bem preparados estarão para construir objetivos compartilhados.

Este fenômeno, se bem cuidado e estimulado de maneira coerente, pode se tornar um dos mais poderosos diferenciais competitivos de uma empresa. Uma vez que se trata de uma identidade única e singular, impossível de ser copiada.

Por onde começar a desenvolver este diferencial competitivo? Estimulando a auto conexão de pessoas, grupos e da instituição.

FERRAMENTAS

Para desenvolver ou aprimorar a auto percepção e consequentemente aumentar a conexão com o propósito e do estímulo consciente de uma cultura competitiva: Aqui vão algumas sugestões de perguntas que podes incluir em uma pesquisa interna anual. E é claro, podes sempre adaptar à tua realidade:

FORÇA DA CULTURA

​Essas são as perguntas ​que Toni Hsieh fez à seus funcionários para medir a força da sua cultura institucional:

Você concorda ou não com afirmações como:

  • Acredito que a empresa tem um propósito maior do que simplesmente obter lucros.
  • O meu papel na (nome da empresa) tem um propósito real – é mais do que apenas um emprego.
  • Sinto que estou no controle da minha carreira e que estou progredindo em meu desenvolvimento pessoal e profissional na (nome da empresa).
  • Considero meus colegas de trabalho como minha família e meus amigos.
  • Estou muito feliz no meu trabalho.

Perguntas adicionais:

  • Tenho clareza do propósito compartilhado da (nome da empresa).
  • Tenho clareza do meu papel em relação ao propósito compartilhado da (nome da empresa).

CONDIÇÕES DE TRABALHO

“O problema quando alguém se sente esgotado, entediado, desmotivado ou reprimido em seu trabalho não é o trabalho em si, mas o ambiente e as regras de playground dadas a ele para fazer o trabalho.” Christian F. (Gerente de Recrutamento Zappos)

De 1 a 10 o quanto você considera que os seguintes fatores favorecem a construção do propósito da (nome da empresa):

  • Estrutura Física;
  • Regras e Procedimentos;
  • Ferramentas de Comunicação;
  • Salário e Benefícios;
  • Tecnologia;
  • Outros.

Liste as ferramentas/condições de trabalho que entendes necessárias implantarmos ou aprimorarmos para favorecer a construção do propósito da (nome da empresa):

LEITURA BASEADA E INDICADA: “Satisfação Garantida” Toni Hsieh
PARA APROFUNDAR: “Mudança institucional – 5 dicas para iniciá-la usando psicologia”