O QUE SIGNIFICA TER UM PROPÓSITO DE VIDA

“Encontre seu propósito e seja feliz.”
“Persiga seu propósito e tenha uma vida plena.”
“Construa sua carreira ou empresa a partir de seu propósito de vida.”

O que é este bendito propósito que todo mundo fala insistentemente?

Parece que as pessoas finalmente vêm se dando conta da importância de determinar um propósito, um significado para suas ocupações profissionais ou para suas vidas de maneira geral. No entanto, muitos equívocos e misturas de definições são disseminados a respeito deste tema. Por isso, depois de ajudar e assistir diversas pessoas nesta construção, quero esclarecer alguns pontos importantes sobre o que é e o que significa a Definição de um Propósito. 

Propósito NÃO é uma meta que se escreve em um papel

Estamos falando de autoconhecimento, de essência, de características genuínas. Consequentemente não se pode colocar uma meta a respeito da nossa essência. Podemos sim, reconhecer esta essência, identificar as características e virtudes que a nossa personalidade carrega.

Antes de mais nada, comece descobrindo as tuas principais e mais genuínas características. E calma, descobrir isso nada tem a ver com autodescoberta profunda e espiritual. Tem a ver com simples perguntas como:

  • O que me deixa feliz?
  • O que naturalmente tenho facilidade em desenvolver?
  • Que habilidades as pessoas admiram em mim?

Estas respostas serão os principais indicadores neste processo de reconhecimento do propósito.

O teu Propósito NÃO será escrito uma única vez

Ledo engano se tu acreditas que após definir teu propósito só precisas agora persegui-lo. O propósito, assim como todas as coisas vivas neste mundo, se modifica e se reinventa com o passar do tempo. O propósito é algo que deve permanecer vivo dentro de ti e em tuas ações. Por isso, naturalmente, depois de utilizá-lo repetidamente, vais sentir uma necessidade genuína de aperfeiçoá-lo. Mais do que isso, vais reconhecer exatamente as características que necessitas adicionar ou se desfazer.

É como escrever um texto ou fazer uma pintura: enquanto desenvolves a tarefa, por alguns momentos a revisa ou observa e percebe onde deve melhorá-la ou modificá-la.

Na verdade, a grande barreira ou dificuldade das pessoas está em reconhecer ou assumir uma primeira ideia de propósito. Para reconhecê-lo vais precisar refletir diversas vezes sobre tua personalidade, ações e principalmente sobre o que sentes quando se conecta com o mundo e as pessoas ao teu redor.

Perceba que este reconhecimento não irá acontecer do dia para noite, mas com uma boa pitada de dedicação, sinceridade, coerência e coragem, certamente vais fazer um bom avanço. Acima de tudo, assumas o risco e inicie logo a utilização de uma definição. Com o tempo tu vais poder aperfeiçoá-la.

O teu Propósito NÃO é um plano de ação

É aceitável que tu imagines que após um processo de auto percepção, de reflexão e conclusões, tu consigas definir uma descrição bastante detalhada de um propósito, incluindo o passo a passo sobre como agir. Afinal, se trata de algo complexo, certo? Errado. Toda a complexidade do teu propósito carregarás contigo internamente. A descrição, por outro lado, será sucinta, genérica e abrangente. Tu não estás definindo um plano de ação, estás definindo uma ‘premissa sagrada’ que vai embasar ações, raciocínios e decisões.

Veja bem, vamos supor que por diversos motivos tu tenhas te identificado profundamente com a filosofia de ‘auxiliar pessoas’. Por isso, de forma bastante simplória definiu o seguinte propósito para si mesmo:

“Ajudarei as pessoas onde eu estiver”

Muito bem, ao longo dos dias, aplicando tua ‘premissa sagrada’ com muita dedicação, tu começas a te sentir cansado. Por quê? Provavelmente porque a todo lugar que tu vais sentes a necessidade de cumprir o compromisso com teu propósito, ajudando pessoas, pessoas que não conhece ou pessoas que talvez não mereçam muito a tua ajuda. Ou ainda, ficas frustrado por não conseguir ajudar todas as pessoas que gostaria. Fica perceptível o ‘gap’ desta definição, certo?

Agora, imaginemos que pela mesma inspiração de auxiliar as pessoas tu tenhas redefinido seu propósito para:

“Serei um presente para o mundo”

Muito bem, ao longo dos dias aplicando tua ‘premissa sagrada’ com mais cuidado, de maneira mais genérica e menos como uma meta, tu começas a perceber o sentido de persegui-la. As decisões simples do dia a dia (como tratar as pessoas, com que ânimo acordar pela manhã, etc) parecem ter um sentido e uma finalidade. Como posso ser um presente para o mundo nesta situação? Qual caminho devo optar para alimentar meu propósito de ser um presente para o mundo? Nas decisões complicadas (mudar de emprego, pedir um empréstimo, etc) agora tens uma linha de raciocínio que podes utilizar para orientar tua decisão com mais coerência. Fica perceptível o poder de carregar uma premissa, certo?

Trata-se de não simplesmente definir um Propósito, mas de aprender a aplicá-lo corretamente.

Definir e aplicar um propósito de vida pode te ajudar a:

  • Construir um caminho profissional ou de vida coerente com tuas virtudes;
  • Alimentar um comportamento mais coerente e menos reativo;
  • Descobrir mais e constantemente sobre si mesmo;
  • Colocar mais em prática tuas habilidades genuínas;
  • Ter mais segurança naquilo que decides;
  • Viver a partir de uma premissa única e adequada a pessoa que tu és.

Definir um propósito para si mesmo quer dizer que tu tens vontade de viver de uma forma realmente coerente. Aplicar este propósito, quer dizer que tu tens coragem suficiente de te comprometer em utilizar todos os recursos que a tua existência pode oferecer.

Há uns dias atrás, li um artigo muito interessante de um empreendedor bem sucedido, explicando porque ele tinha parado de procurar seu propósito. O quanto ele já tinha procurado responder diversas perguntas sobre si mesmo e que buscar respostas só o atrapalhava. Sua conclusão foi de que agora ele vive “fazendo aquilo que tem vontade de fazer”.

Veja bem, esta reflexão é muito pertinente. Tu não deves ser ‘escravo’ de nada, nem de uma “premissa sagrada”. Mas para viver e embasar aquilo que fazemos todos os dias, precisamos de guias.

POR ISSO:

  • Faça do teu propósito um guia interno, não uma meta;
  • Aplique logo uma primeira definição de propósito;
  • Ajuste e reajuste teu propósito, ele precisa evoluir junto contigo;
  • Defina um propósito genérico, assim ele se encaixará em cada detalhe da tua vida.

Teu guia pode ser sim: “Viverei de acordo com aquilo que eu tenho vontade de fazer.”

Pode ser o que tu quiseres, desde que assuma, com ética, aquilo que tu és de verdade.